All For Love

Bryan Adams, Rod Stewart & Sting

Conversa n' A Catedral

Mario Vargas Llosa




Dizer que Conversa n' A Catedral é uma obra-prima da literatura universal é redundante, mas exacto.
Sentados a uma mesa da taberna A Catedral, o jornalista Santiago Zavala conversa com o seu amigo Ambrosio. Estamos em Lima, na época ditatorial do general Manuel A. Odría (1948-1956), e dessa conversa acompanhada de cerveja emerge um Peru cruel, corrupto, desesperançado, matéria-prima ideal, portanto, para um romance que só um grande jornalista e escritor como Vargas Llosa poderia ter produzido.
Uma história esplêndida que reúne muitos dos ingredientes que fizeram a fama do autor peruano - as críticas ácidas, a irreverência, a rebeldia e o humor sarcástico.

Conversa n’A Catedral é a crónica de uma ditadura e da resistência possível graças à palavra. Uma aguda reflexão sobre a identidade latino-americana e sobre a perda da liberdade.
Um romance que, mais do que um marco na carreira literária do autor, é um ponto de referência inevitável na história da literatura universal.

Guia da Barcelona de Carlos Ruiz Zafón

Sergi Doria



Sergi Doria cartografa, em oito emocionantes rotas, os cenários barceloneses de três das obras de maior êxito do autor Carlos Ruiz Zafón: A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo e Marina.

Antes de explicar este livro, alertamos para aquilo que ele não é. Encontramos citações romanescas, mas não é um tratado de literatura; aparecem planos de Barcelona, mas não é um guia turístico. Também não é um ensaio histórico, embora factos e cronologias balizem o seu percurso.
Do obscuro Cemitério dos Livros Esquecidos às estreitas escadas do Raval e à praça do Barrio Gótico onde lia Nuria Monfort; pelos palácios e mercearias à sombra de Santa María del Mar, os jardins da Ciudadela, que o maléfico Corelli frequenta; dos escritórios de advogados do Ensanche às aristocráticas mansões de Pedralbes e ao casarão dos Aldaya no Tibidabo.
Um percurso fascinante entre a cidade real e a romanesca que nos revela os segredos da Barcelona de Carlos Ruiz Zafón.

«Neste percurso proposto por Doria, o que surpreende, e deleita o leitor, é a construção de um espaço narrativo, simultaneamente real e ficcional, que lhe permite caminhar com as personagens de Zafón pela cidade intemporal. E isso é certamente mágico, , um tempo mágico literário.»
Vítor Quelhas, Expresso

Manual Prático de Arqueologia

Louis Frédéric

Wild Is The Wind

Cat Power

Crónicas Obscuras: A Vingança do Lobo

Vitor Frazão



No Parque Nacional de Olympic, sobre um crepúsculo enublado, dois campistas são atacados.
Dias depois, em pleno Parque Central de Nova York, três corpos aparecem mutilados, alimentando a imaginação dos media. O que eles não sabem é que ambos os crimes são mais do que aparentam.
Dez anos após ter desertado do seu clã, Lance "Meia-Raça" Fenrison, um lobisomem híbrido, volta à cidade Nova York para se vingar do homem que lhe matou a mulher e a filha. No outro lado do espectro está Isabel Martínez, uma agente da polícia, que ao encontrar-se acidental com Lance é atirada de cabeça para uma realidade que nem sonhara existir, levando-a a duvidar da própria sanidade. O mero regresso de Lance à Grande Maçã acaba por ter mais repercussões do que este poderia imaginar e, sem dar por isso, o licantropo vê-se alvo não só dos Obliteradores, uma sociedade dedicada ao extermínio de todas as criaturas paranormais, como do seu próprio clã. Vale-lhe uma inesperada e invulgar aliada, Eleanora "Lâmina Sangrenta" Reeve, uma vampira atípica, que tem uma única e ambiciosa missão: unir todas as divergentes espécies de Ocultos, o nome colectivo dados aos seres sobrenaturais, contra os Obliteradores que insistem em caçá-los.
Obliteradores obcecados e inflexíveis; lobisomens belicosos e tribalistas; vampiros inteligentes e intriguistas; feiticeiros poderosos e vulgares humanos que vivem as suas vidas, ignorando que em plena Nova York do século XXI o sobrenatural continua tão forte como em qualquer supersticioso e atrasado canto do mundo medieval.

Brown Eyes

Lady Gaga

Metal Heart

Cat Power

My Girl

The Temptations

O Cão dos Baskervilles

Arthur Conan Doyle



Há cinco séculos que o Solar dos Baskerville alberga a família Baskerville. Quando o senhor da casa, Hugo Baskerville, aparece morto, com indícios de ter sido atacado selvaticamente por um animal, surge a lenda de que a propriedade é habitada por um cão negro, diabólico, que lança fogo pelos olhos e pela boca. Todos temem o terrível animal, e quem se atreve a aproximar-se da charneca junto ao solar onde a besta domina, morre. E é o que acontece a Sir Charles Barkerville, que aparece morto. A morte é desde logo atribuída ao cão que espalha o terror pelas redondezas. O novo senhor do Solar, Henry Baskerville, sobrinho de Sir Charles, decide então recorrer a Sherlock Holmes para resolver o mistério que envolve a morte do tio. Com a sua habitual argúcia, Holmes parte para o Solar, juntamente com o inseparável Doutor Watson, para procurar descobrir o misterioso animal e tentar impedi-lo de matar mais alguém, pois o perigo espreita em todo o lado.

Dama de Espadas

Crónica dos Loucos Amantes
Mário Zambujal



Com o seu admirável ritmo narrativo e clareza de escrita salpicada de humor, Mário Zambujal apresenta-nos Eva Teresa, garota de onze anos, e Filipe, rapaz de dezoito, que namora com a irmã, Rosália. Há uma grande empatia entre a pequena e o futuro cunhado, mas a vida afasta-os com a viagem da família para o Brasil. Eva torna-se mulher e Filipe acaba por se apaixonar por ela, levando-o a viajar ao seu encontro. Entre episódios imprevisíveis que enlaçam mistério e comicidade, ambos só se reencontram em Sintra onde iniciam um romance atribulado.
No seu estilo inconfundível, Mário Zambujal traz-nos uma obra em que se aliam a vontade de saborear cada passo da trama e o prazer da leitura.

«A cama é a mais amável das peças de mobiliário, mesmo quando serve apenas para dormir. Todavia, o que torna as camas famosas é um historial de gente acordada.»

«As paixões arrebatadoras são como o vinho das melhores castas: primeiro alegram, depois embriagam, em dia azedam.»

«Mário Zambujal aborda temas universais e transversais a todas as épocas, como o amor, a paixão, o desamor e os triângulos amorosos.»
Jornal de Notícias

«Se isto não é literatura, quem perde é a literatura.»
Dinis Machado

«Fala-nos do seu tempo, da liberdade de escrever - "tão importante como a de não escrever".»
Ípsilon

«Autor de marcada originalidade, que conduz o leitor ao riso, ao sorriso e à reflexão.»
Visão

La Belle Dame Sans Merci

Frank Cadogan Cowper




1926
private collection
And there she lulled me asleep,
And there I dream'd--Ah! woe betide!
The latest dream I ever dream'd
On the cold hill's side.
 
Excerpt from "La Belle Dame Sans Merci" by John Keats

Memória das minhas putas tristes

Gabriel García Márquez



Memória das Minhas Putas Tristes conta a história de um velho jornalista de noventa anos que deseja festejar a sua longa existência de prostitutas, livros e crónicas com uma noite de amor com uma jovem virgem. Inspirado no romance A Casa das Belas Adormecidas do Nobel japonês Yasunari Kawabata, o consagrado escritor colombiano submerge-nos, num texto pleno de metáforas, nos amores e desamores de um solitário e sonhador ancião que nunca se deitou com uma mulher sem lhe pagar e nunca imaginou que encontraria assim o verdadeiro amor. Rosa Cabarcas, a dona de um prostíbulo, conduzi-lo-á à jovem com quem aprenderá que para o amor não há tempo nem idade e que um velho pode morrer de amor em vez de velhice. A escrita incomparável de Gabriel García Márquez num romance que é ao mesmo tempo uma reflexão sobre a velhice e a celebração das alegrias da paixão.

«No ano dos meus noventa anos quis oferecer a mim mesmo uma noite de amor louco com uma adolescente virgem. Lembrei-me de Rosa Cabarcas, a dona de uma casa clandestina que costumava avisar os seus bons clientes quando tinha uma novidade disponível. Nunca sucumbi a essa nem a nenhuma das suas muitas tentações obscenas, mas ela não acreditava na pureza dos meus princípios. A moral também é uma questão de tempo, dizia com um sorriso maligno, tu verás.»
«A inspiração não avisa, disse eu.»

«Nunca pensei na idade como uma goteira no tecto que nos indica a quantidade de vida que vai restando.»

«A minha única explicação é que assim como os factos reais se esquecem, também alguns que nunca existiram podem estar nas recordações como se tivessem existido.»

«(...) tomei consciência de que a força invencível que impulsiona o mundo não são os amores felizes, mas os contrariados.»

«A verdade era que não podia com a minha alma.»

Possession

com Gwyneth Paltrow, Aaron Eckart, Jeniffer Ehle e Jeremy Northam

Poema Aos Amigos

Jorge Luís Borges

Não posso dar-te soluções
Para todos os problemas da vida,
Nem tenho resposta
Para as tuas dúvidas ou temores,
Mas posso ouvir-te
E compartilhar contigo.

Não posso mudar
O teu passado nem o teu futuro.
Mas quando necessitares de mim
Estarei junto a ti.

Não posso evitar que tropeces,
Somente posso oferecer-te a minha mão
Para que te sustentes e não caias.

As tuas alegrias
Os teus triunfos e os teus êxitos
Não são os meus,
Mas desfruto sinceramente
Quando te vejo feliz.

Não julgo as decisões
Que tomas na vida,
Limito-me a apoiar-te,
A estimular-te
E a ajudar-te sem que me peças.

Não posso traçar-te limites
Dentro dos quais deves actuar,
Mas sim, oferecer-te o espaço
Necessário para cresceres.

Não posso evitar o teu sofrimento
Quando alguma mágoa
Te parte o coração,
Mas posso chorar contigo
E recolher os pedaços
Para armá-los novamente.

Não posso decidir quem foste
Nem quem deverás ser,
Somente posso
Amar-te como és
E ser teu amigo.

Todos os dias, penso
Nos meus amigos e amigas,
Não estás acima,
Nem abaixo nem no meio,
Não encabeças
Nem concluís a lista.
Não és o número um
Nem o número final.

E tão pouco tenho
A pretensão de ser
O primeiro
O segundo
Ou o terceiro
Da tua lista.
Basta que me queiras como amigo

Dormir feliz.
Emanar vibrações de amor.
Saber que estamos aqui de passagem.
Melhorar as relações.
Aproveitar as oportunidades.
Escutar o coração.
Acreditar na vida.

Obrigado por seres meu amigo.

Better In Time

Leona Lewis

Retrato a Sépia

«Se não fosse pela minha avó Eliza, que veio de longe iluminar os recantos sombrios do meu passado, e por estes milhares de fotografias que se acumulam na minha casa, como poderia contar esta história? Teria de a forjar com a imaginação sem outro material além dos fios evasivos de muitas vidas alheias e de algumas lembranças ilusórias. A memória é ficção. Seleccionamos o mais brilhante e o mais escuro, ignorando o que nos envergonha, e assim bordamos a larga tapeçaria da nossa vida.»
Aurora in Retrato a Sépia

Dance

Alphonse Mucha



Alphonse Mucha. Dance. From The Arts Series. 1898.
Color lithograph. 60 x 38 cm.

Memories

Within Temptation

With Arms Wide Open

Creed

Chéri

Colette



Chéri, romance publicado em 1920, aborda o delicado tema da sedução amorosa entre uma bela cortesã a caminho da meia-idade e um adolescente mimado. 
Chéri, de uma cálida voluptuosidade, rompe com os cânones da época - ele com as suas infantilidades e pequenos amuos, é quem se deixa amar. Ela, uma mulher experiente, aceita com serenidade o prazer que ele lhe proporciona e não descura nenhum pormenor da sua educação amorosa. Até que a mãe de Chéri resolve, convenientemente, casá-lo. Colette consegue evocar esta intimidade e o seu contexto com palavras precisas, sensuais e poéticas, que não excluem o sarcasmo em relação a um certo meio social e a análise subtil da psicologia feminina.
A tradução de José Saramago restitui-nos todos cambiantes da escrita de Colette com magnífica pujança e nitidez. Colette (1873-1954) é considerada uma das mais notáveis escritoras e mulheres da primeira metade do século XX.

«Nunca seria capaz de escrever como Colette. Nunca li nada que igualasse as suas descrições. Era uma escritora muito sensual e muito à frente do seu tempo. (…) A cena final é por demais comovente; leva-me às lágrimas.»
Oprah Winfrey
 
«Um excelente tópico, exposto com inteligência, mestria e compreensão dos mais secretos desejos carnais.»
André Gide
 
«Colette humanizava tudo aquilo em que tocava. Vivia e advogava a sensualidade; e entregou-se aos prazeres sensuais com tal delicadeza de percepção, com tal elegância na dor e no êxtase físicos, que elevou a sensualidade a excelência.»
The Times
 
«Chéri é a obra-prima de Colette.»
The New Republic
 
«Dramático e comovente…»
The New York Times


Love

Toni Morrison



Love é o oitavo romance da americana Toni Morrison. Publicada nos EUA em 2003, esta obra só agora chega às bancas portuguesas com tradução de Maria João Freire de Andrade e chancela da Dom Quixote. Toni Morrison, nome artístico de Chloe Anthony Wofford, nasceu em 1931 no Estado americano do Ohio.
Tendo-se estreado na literatura em 1970, depressa granjeou a simpatia dos leitores e da crítica, quer pelo poder épico das suas obras, quer pela carga poética e riqueza expressiva com que retrata a América Negra. Com efeito, enquanto escritora e enquanto cidadã, esta afro-descendente revelou desde sempre uma sensibilidade apurada pelos direitos civis e pela igualdade entre raças. Com vários prémios literários no currículo, Toni Morrison foi consagrada com o Prémio Nobel da Literatura em 1993.
Ao longo de dez capítulos, o primeiro dos quais sem numeração e constituindo uma espécie de prefácio, Toni Morrison narra a história de três gerações da família Cosey. Bill Cosey, o patriarca falecido há já 25 anos no presente diegético, Heed a sua segunda esposa, Christine a sua neta (da mesma idade de Heed) e May, mãe de Christine e nora de Bill. A acção passa-se numa cidade costeira chamada Silk, perto de Up Beach, onde Bill possuíra nos anos 40 o Cosey’s Hotel and Resort, um hotel de luxo frequentado pela classe mais alta da sociedade negra americana, que oferecia bom clima, boa praia, boa música e bom ambiente.
A ascensão e o declínio desta família, plasmados no próprio edifício do hotel, são contados por duas vozes narrativas distintas. A obra começa e termina na primeira pessoa do singular e em itálico, com a voz de L, uma narradora homodiegética. L é a antiga cozinheira do hotel, uma testemunha privilegiada dos acontecimentos narrados e aquela que, logo no primeiro capítulo se apresenta como aquela que vai contar “uma velha história popular”, ou melhor, “apenas mais outra história inventada para assustar mulheres perversas e castigar crianças desobedientes” (p.17). No entanto, L nunca chega a revelar o seu nome, pelo que o próprio título do livro, mantido em inglês pela tradutora portuguesa, poderá ser interpretado como o nome por detrás da inicial L. A maior parte do enredo é, no entanto, relatado por um narrado heterodiegético na terceira pessoa. A genialidade da autora reside precisamente no modo como este narrador, omnisciente, se cola à perspectiva de diversas personagens para revelar as várias versões dos mesmos acontecimentos. Dito de outro modo, o leitor é confrontado com várias visões da realidade e é a ele que cabe decidir em qual das versões deve acreditar. O poder de manipulação das palavras é extremamente exigente e só um leitor implicado poderá acompanhar o ritmo dialógico da narração.
Quanto à história propriamente dita, pode dizer-se que a narrativa começa com a chegada de Junior Viviane à Monarch Street, a rua onde se situa o palacete habitado e disputado por Heed e Christine. Estas duas mulheres, outrora amigas inseparáveis, vivem entregues a um sentimento de ódio e traição que elas próprias não sabem muito bem como ou por que razão começou. Será aliás a arqueologia dessa inimizade que funcionará como motor da narrativa. Junior Viviane é, por seu turno, uma espécie de quarta geração que, não estando unida pelos laços de sangue, é imediatamente acolhida no palacete e por lá ficará, também ela sequestrada pelo magnetismo do patriarca desaparecido.
Em cada capítulo, a história desta família vai sendo reescrita, explicada, expandida e refeita. As peças perdidas de um passado impossível de alterar, vão sendo descobertas e encaixadas como se de um puzzle se tratasse. O olhar do narrador heterodiegético é necessariamente caleidoscópico, pois só um olhar assim poderia almejar atingir os interstícios da realidade e trazer à luz do dia o amor que subjaz a todo o ódio que povoa o presente. O amor extremo impediu, no passado, a comunicação entre as personagens. Esse amor sem palavras tomou a forma de um ódio destruidor e homicida.
A pouco e pouco, o leitor vai ouvindo falar de outras mulheres que se cruzaram no caminho da família Cosey. Julia, a primeira mulher de Bill, morre quando o filho destes tem apenas doze anos. Já adulto, Billy Boy, o único filho de Cosey, casa com May, uma rapariga da classe média, filha de um pregador itinerante. Anos mais tarde, conhece a melhor amiga da neta Christine, Heed, e casa com a menina de apenas 11 anos. Este casamento choca a família e a comunidade, mas o poder e o dinheiro de Bill permitem-lhe fazer o que quer, sem se preocupar com o que os outros dizem. Será esta união perversa e imoral de um homem com uma criança que irá acelerar o trágico destino da família. May, a nora que entretanto fica viúva, sente o seu poder diminuído e a herança da filha ameaçada. Ela acaba com a amizade das duas crianças e torna a vida de Heed num inferno.
Estas mulheres e outras mulheres, das quais se destaca Celestial por ser a favorita de Bill, disputam ferozmente o amor e a atenção de Bill. As suas vidas são desperdiçadas nessa luta, até ao momento em que, um quarto de século volvido sobre a morte de Bill Cosey, tudo se esclarece. As tréguas chegam, no entanto, tarde de mais. O clã Cosey está já destruído e não há lugar para vencedores nem vencidos, apenas para sobreviventes.
O que esta obra surpreendente nos traz são motivos de reflexão intemporais e universais: a importância da comunicação, a fragilidade das relações humanas, a força edificante e/ou destruidora do amor, a importância da família, as implicações que um acto odioso pode ter no curso da nossa vida e no curso da vida dos outros. Em suma, Love lembra-nos que o amor não sobrevive à falta de comunicação e que a ausência de diálogo e de entendimento só poderão conduzir ao ódio.

Possession

A Casa dos Espíritos

Isabel Allende



Um best-seller e um sucesso da crítica na Europa e na América Latina, A Casa dos Espíritos é um épico magnífico à família Trueba - os seus amores, as suas ambições, as suas buscas espirituais, as suas relações e a sua participação na história do seu tempo, uma história que se torna destino e que os surpreende a todos.
Começa - no virar do século, num país da América do Sul sem nome - na casa de infância da mulher que se tornará a mãe e a avó do clã, Clara del Valle. Uma rapariga de coração bondoso e hipersensível, Clara foi distinguida desde tenra idade com capacidades telepáticas - consegue ler a sorte, mover objectos como se tivessem vida própria e prevê o futuro. A seguir à morte misteriosa da sua irmã, Rosa a Bela, Clara fica muda durante nove anos, resistindo a todas as tentativas para a fazer falar. Quando quebra o silêncio é para anunciar que se irá casar em breve.
O seu futuro marido é Esteban Trueba, um homem severo e obstinado, dado a acessos de raiva e assombrado por uma profunda solidão. Aos trinta e cinco anos regressa à capital para visitar a sua mãe moribunda e encontrar uma esposa. Foi em tempos o noivo de Rosa e a sua morte marcou-o tão profundamente como a Clara. Ele é o homem que Clara previu que se iria tornar seu marido. Por seu lado, Esteban irá conceber uma paixão por Clara que durará o resto da sua longa e rancorosa vida.
Acompanhamos este casal logo que se mudam para uma casa extravagante que ele constrói para ela, uma estrutura que todos chamam de "a casa grande da esquina", que cedo é povoada pelos amigos espiritualistas de Clara, artistas que patrocina, os casos de caridade pelos quais se interessa, pelos camaradas políticos de Esteban e, acima de tudo, pelas crianças: Blanca, uma rapariga prática e retraída que irá manter, para fúria do seu pai, uma relação para a vida com o filho do seu capataz; e os gémeos, Jaime e Nicolás, o primeiro solitário e taciturno, que se torna médico dos pobres e desafortunados e o segundo um playboy, um diletante das religiões orientais e das disciplinas míticas, e na terceira geração a filha de Blanca, Alba (a família não irá reconhecer o verdadeiro pai durante anos, tão grande é a fúria de Esteban), uma criança que irá ser acarinhada, mimada e educada por todos eles.
Por toda a sua boa sorte, pelos seus talentos naturais (e sobrenaturais), pelos fortes laços que os unem uns aos outros, os habitantes da "casa grande da esquina" não são imunes às grandes forças do mundo. Ao bater do século XX, à medida que Esteban se torna mais cortante na sua oposição ao comunismo, à medida que Jaime se torna amigo e confidente do líder socialista conhecido como "O Candidato", à medida que Alba se apaixona por um estudante radical, os Truebas tornam-se actores - e vítimas - numa trágica série de eventos que dá a A Casa dos Espíritos uma ressonância e significado mais profundos.
Esta é a realização suprema deste romance esplêndido que nos faz sentir membros desta grande, apaixonada (e, por vezes exasperante) família, a quem nos ligamos como se da nossa própria família se tratasse.
No panorama da actual literatura hispano-americana, nenhum nome de mulher tinha conseguido até agora ocupar um lugar cimeiro. Faltava pois uma romancista. A impecável desenvoltura estilística, a lucidez histórica e social e a coerência estética, patentes em A Casa dos Espíritos fazem do primeiro romance de Isabel, um livro inesquecível.

Bronzes Figurativos Romanos de Portugal

António José Nunes Pinto

Possessão

«Um homem é a história dos seus alentos e pensamentos, actos, átomos e feridas,amor indiferença e aversão e também da sua raça e nação, da terra que o alimentou a ele e aos seus antepassados, das pedras e areias dos seus lugares familiares, das batalhas e lutas da consciência por longo tempo silenciadas, dos sorrisos das raparigas e das vagarosas sentenças das velhas, dos acidentes e da acção gradual da lei inexorável de tudo isto e de alguma coisa mais, uma única chama em que  tudo obedece às leis do próprio fogo, e contudo se acende e se apaga de um momento para o outro, e nunca pode ser reacendida em toda a extensão dos tempo.»

Randolph Henry Ash in Possession

Sometimes

Reamonn

Eterno abraço



Desenterrado casal abraçado há mais de 6000 anos
Lembra um poema: arqueólogos italianos desenterraram um casal abraçado na cidade de Mantova, a norte do país. A descoberta é considerada «um caso extraordinário».

«Porém mais tarde, quando foi volvido/ Das sepulturas o gelado pó, / Dois esqueletos, um ao outro unido, /Foram achados num sepulcro só» são os últimos versos de «Noivado do Sepulcro», elegia ultra-romântica do poeta português Soares dos Passos. 
Contudo, esta fantasia oitocentista tornou-se realidade: na cidade de Mantova, os arqueólogos desenterraram dois esqueletos neolíticos, à primeira vista jovens, ternamente abraçados.
Elena Menotti, líder das escavações, considerou que a descoberta é um «caso fantástico». A arqueóloga afirmou ainda que as duas ossadas pertencem quase certamente um homem e uma mulher jovens devido à arcada dentária bem conservada. 
«Devo dizer que quando nós os descobrimos ficamos muito entusiasmados. Tenho este emprego há 25 anos. Fiz escavações em Pompeia, todos os sítios famosos», declarou Menotti à Reuters. «Mas eu nunca fiquei tão comovida assim, porque esta é a descoberta de algo especial».
Um laboratório tentará determinar a idade do casal à época da morte e há quanto tempo estão enterrados.
Fonte: dora.guennes@sol.pt e Reuters.

Rebecca

Daphne Du Maurier




Escrito em 1938, Rebecca é uma obra de fôlego, diversas vezes adaptada ao cinema. Porém, só em 1941, numa versão de Alfred Hitchcock, o filme ganharia protagonismo, chegando mesmo a vencer dois Óscares estando nomeado para nove categorias.
Rebecca é um clássico onde os sentimentos adquirem um lugar de destaque. Sentimentos no feminino, já que se trata da história de duas mulheres que se envolvem com o mesmo homem, apenas com uma particularidade: Rebecca está morta. E é o fantasma, embora nunca visível, do seu passado que assombra a nova mulher, agora casada com o nobre britânico e apaixonado de Rebecca. A intriga é assombrosa e ao mesmo tempo envolvente deixando sempre a sensação de que Rebecca é omnipresente. E é com esta imagem antiga que a nova mulher do viúvo Maxim de Winter terá de enfrentar todos os que amavam Rebecca e que a encaram como alguém que veio para lhe roubar o lugar.
Rebecca é o romance que celebrizou Daphne du Maurier e que conheceu 28 reedições em quatro anos só na Grã-Bretanha.

«Esta narrativa arrepiante e plena de suspense continua tão apelativa e cativante como na altura da sua primeira publicação».
Daily Express

Vaza-me os olhos...

Rainer Maria Rilke

Vaza-me os olhos: continuarei a ver-te,
Tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te,
Mesmo sem pés chegarei a ti,
Mesmo sem boca poderei invocar-te.
Decepa-me os braços: poderei abraçar-te
Com o coração como se fosse a mão.
Arranca-me o coração: palpitarás no meu cérebro.
E se me incendiares o cérebro,
levar-te-ei ainda no meu sangue


Rainer Maria Rilke (1875-1926)
In Qual É a Minha ou a Tua Língua? – Cem poemas de amor de Outras Línguas(Tradução de Jorge Sousa Braga)

O Ano Da Morte De Ricardo Reis

José Saramago



Foi na biblioteca da escola industrial que O Ano da Morte de Ricardo Reis começou a ser escrito... Ali encontrou um dia o jovem aprendiz de serralheiro (teria então 17 anos) uma revista - Atena era o título - em que havia poemas assinados com aquele nome e, naturalmente, sendo tão mau conhecedor da cartografia literária do seu país, pensou que existia em Portugal um poeta que se chamava assim: Ricardo Reis.
Não tardou muito tempo, porém, a saber que o poeta propriamente dito tinha sido um tal Fernando Nogueira Pessoa que assinava poemas com nomes de poetas inexistentes nascidos na sua cabeça e a que chamava heterónimos, palavra que não constava dos dicionários da época, por isso custou tanto trabalho ao aprendiz saber o que ela significava. Aprendeu de cor muitos poemas de Ricardo Reis («Para ser grande sê inteiro/Põe quanto és no mínimo que fazes»), mas não podia resignar-se, apesar de tão novo e ignorante, a que um espírito superior tivesse podido conceber, sem remorso, este verso cruel: «Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo.»
Muito, muito tempo depois, o aprendiz, já de cabelos brancos e um pouco mais sábio das suas próprias sabedorias, atreveu-se a escrever um romance para mostrar ao poeta das Odes alguma coisa do que era o espetáculo do mundo nesse anos de 1936 em que o tinha posto a viver nos seus últimos dias: a ocupação da Renânia pelo exército nazista, a guerra de Franco contra a República espanhola, a criação por Salazar das milícias fascistas portuguesas. Foi como se estivesse a dizer-lhe: «Eis o espetáculo do mundo, meu poeta das amarguras serenas e do cepticismo elegante. Desfruta, goza, contempla, já que estar sentado é a tua sabedoria...»
José Saramago

Ricardo Reis nasceu em 1887
(Não me lembro do dia e do mês,
mas tenho-os algures),
no Porto, é médico
e está presentemente no Brasil
Fernando Pessoa
(carta de 13 de Janeiro de 1935)


Ricardo Reis regressou
a Portugal depois da morte
de Fernando Pessoa.
José Saramago

Um Adeus Português

Alexandre O'Neill


Nos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz de ombros puros e a sombra
de uma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta cama comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Não tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal

* * *

Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti.

Estatueta da Deusa Fortuna (Lameirancha)

Museu Nacional de Arqueologia



Estatueta de Fortuna
Proveniência: Lameirancha. Torres Novas
Cronologia: Época Romana. Séc. I d.C.
Tipologia: Estatueta de Fortuna em bronze
Dimensão: altura 16 cm largura 6,5 cm espessura 2,7 cm
Categoria: Bronzes figurativos
Nº de inventário: 17905

Fortuna representada por uma mulher jovem envergando uma longa túnica e coroada por um pequeno diadema. Como atributos segura, na mão esquerda, uma cornucópia dupla plena de elementos vegetalistas; a mão direita apresenta-se em posição de segurar o leme do Destino, que ora falta. Trata-se de uma peça de grande qualidade, por certo cópia de um protótipo clássico, executada muito provavelmente na época de Augusto e produto de importação. As suas características físicas apontam para um culto doméstico, de larário.

Fonte: Museu Nacional de Arqueologia