Bizâncio - A Rosa Rebelde (Opinião)

Janet Paisley






Numa época em que a guerra civil dividia a nação, Anne acreditou que podia bater-se com os melhores guerreiros. Pela espada. Por convicção. Por paixão.











A Rosa Rebelde conta-nos a fascinante e turbulenta história de uma notável figura histórica, Lady MacIntosh, que ficou conhecida como coronela Anne. Foi uma heroína das Terras Altas da Escócia, uma encantadora rebelde, uma Braveheart que arriscou tudo, incluindo a sua vida, por amor ao seu país e ao seu rei. 
 Fruto de uma cuidada investigação histórica, e com notável mestria, Janet Paisley criou uma extraordinária história de amor, conflito, lealdade e traição que se lê compulsivamente. Uma sensual aventura histórica, repleta de emoção, protagonizada por uma heroína apaixonada e irresistível.

Numa cultura em que os jovens podiam ter relações antes do casamento, em que as mulheres não dependiam dos maridos nem por eles eram subjugadas, e em que o adultério e o divórcio eram comuns, não seria de estranhar a revolta das gentes das Terras Altas contra a Inglaterra e o pacto de União que lhes roubava a liberdade, a identidade e o sustento do seu povo.
Nota-se desde cedo o cuidado da autora na pesquisa histórica, nomeadamente pelos
Admiradora confessa de romances históricos, aprendo sempre algo quando leio um. Apesar de já ler lido alguns sobre a inssurreição de 1745, esta é a primeira vez que conheço a história da Lady McIntosh e o papel que desempenhou na rebelião.
Anne MacIntosh é muito mais do que aparenta ser. Filha do chefe do clã Farquaharson, herda dele a ambição numa Escócia livre. Apesar de admirar a sua coragem confesso que a achei teimosa e inconsequente ao confiar o destino de todo o seu clã num príncipe mimado que não sabia liderar uma batalha. Com a derrota na batalha de Culloden em 1746, Anne é obrigada a assistir ao genocídio de todos aqueles que participaram na revolta, pessoas que amava e com as quais crescera.
Há, desde cedo, um triângulo amoroso que coloca Anne entre o seu amante Alexander McGillivray e o melhor amigo deste, o homem com quem ela se casou, Aeneas McIntosh. Apesar de bastante bem conseguida a dinâmica do romance entre a protagonista e o McGillivray, não senti o mesmo na relação entre esta e o marido que poderia ter sido melhor desenvolvida. No final, fiquei mesmo com dúvidas em relação aos verdadeiros sentimentos de Anne que preferia Alexander pelo seu amor livre de complicações ao amor intenso que sentia pelo marido visto que este último lha causava dor.
Apesar da sua coragem e do papel de protagonista neste romance pertencer à Lady McIntosh, confesso que a personagem que mais me cativou foi Aeneas, o chefe dos McIntosh e chefe dos clãs. Forçado a "trair" o seu povo e a sua própria ambição de libertar a Escócia, abandonado e desprezado pela mulher mas consciente dos obstáculos à verdadeira independência e das consequências que a derrota trará ao seu povo, Aeneas assume uma posição mais defensiva pensando antes no seu povo e no seu papel como chefe dos clãs. Apesar da falta de confiança da esposa, McIntosh perdoa-a e luta por manter o que resta do clã vivo após o massacre em Culloden. Trata-se de um homem que ama e que perdoa, que luta para manter o pouco que lhe resta e que arrisca tudo pelos seus.
No final, acabei por gostar bastante do livro cuja leitura nunca se tornou aborrecida ou forçada. Escrito com ritmo acelerado e com constantes mudanças de plano, tornou a leitura interessante e pouco monótona. O que verdadeiramente me encantou foram as relações entre personagens secundárias como Jessie e Will, ou MacBean e a mulher pois pareceram-me muito mais reais que o enredo amoroso principal.
Este livro tem também uma componente didáctica pois a detalhada pesquisa histórica desenvolvida pela autora, e muito bem colocada no livro, dá-nos relatos detalhados do sistema organizado como funcionavam os clãs, dos usos e costumes das Terras Altas, e das batalhas, um palco sangrento de crueldade e morte. Permite-nos também conhecer melhor esta cultura em que a mulher tinha já um papel decisivo não só na vida familiar mas também em assuntos políticos, mantende-se independente.
Apesar de ter gostado bastante das frases em gaélico que a autora inseriu ao longo do romance preferia, por uma questão prática, que tivessem inserido a tradução como notas de rodapé e não no início do livro evitando assim interromper a leitura para ir à procura do glossário.

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