Expiação

Ian McEwan



No dia mais quente do Verão de 1935, Briony Tallis, de 13 anos, vê a irmã Cecilia despir-se e mergulhar na fonte que existe no jardim da sua casa.
É também observada por Robbie Turner, um amigo de infância que, à semelhança de Cecilia, voltou há pouco tempo de Cambridge. Depois desse dia, a vida das três personagens terá mudado para sempre. Robbie e Cecilia terão ultrapassado uma fronteira que, à partida, nem sequer imaginavam e tornar-se-ão vítimas da imaginação da irmã mais nova. Briony terá presenciado mistérios e cometido um crime que procurará expiar ao longo de toda a sua vida.
Expiação é, porventura, a melhor obra de Ian McEwan. Descrevendo de forma brilhante e cativante a infância, o amor e a guerra, a Inglaterra e a situação de classes, contém no seu âmago uma exploração profunda - e muito comovente - da vergonha, do perdão, da expiação e da dificuldade da absolvição.

"Ele pôs-lhe as mãos nos ombros e sentiu a frescura da sua pele desnudada. (...) Afastaram-se por um segundo e depois ele rodeou-a com os braços e voltaram a beijar-se, já com mais confiança. Encostaram temerariamente as suas línguas, e foi nesse momento que ela emitiu o som descendente, ciciado, que, como mais tarde Robbie compreendeu, marcou a transformação. Até esse momento continuara a haver qualquer coisa de ridículo em ter um rosto familiar tão perto do seu. Sentiam-se observados pelas crianças que tinham sido. Mas o contacto das línguas, daquele músculo vivo e escorregadio, daquela carne húmida, e o som estranho que esse contacto provocou nela mudaram tudo. Foi como se aquele som tivesse penetrado nele, como se o tivesse rasgado, deixando o seu corpo aberto, e ele tivesse podido então sair de dentro de si e beijá-la livremente. (...) Eram finalmente desconhecidos; tinham esquecido os seus passados."
"(...) Nem tudo tinha uma causa e fingir o contrário era uma interferência no funcionamento do mundo, não só fútil, mas também potencialmente causadora de sofrimento. Algumas coisas eram simplesmente como eram."

Nomeado para o Booker Prize e para o Whitbread Award 2001.

Sem comentários:

Enviar um comentário