«Sobre o mar azul até a um limite invisível – meus olhos cansados,
esvaídos de horizonte. Encosto-me a um pau do toldo, tia Matilde e
Dolores ao lado em cadeirinhas rasas, estarão rezando? olham
silenciosas, encosto-me às grades brancas da prisão. Vejo-me lá em
baixo, como poderia ver-me lá de baixo? Detesto as grandes frases, são
do tempo da conquista e da mistificação. E todavia. Estou só e isto deve
ser real – instintivamente olho atrás. Uma dor recurva no pescoço, no
estômago. Como poderia ver-me lá de baixo? aqui, no intervalo infinito
entre a vida e a morte?»
Vergílio Ferreira in Nítido Nulo
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