António Lobo Antunes
"As cartas deste livro foram escritas por um homem de 28 anos na privacidade da sua relação com a mulher, isolado de tudo e de todos durante dois anos de guerra colonial em Angola, sem pensar que algum dia viriam a ser lidas por mais alguém. Não vamos aqui descrever o que são essas cartas: cada pessoa irá lê-las de forma diferente, seguramente distinta da nossa. Mas qualquer que seja a abordagem, literária, biográfica, documento de guerra ou história de amor, sabemos que é extraordinária em todos esses aspectos (...) Este é o livro do amor dos nossos pais, de onde nascemos e do qual nos orgulhamos. Nascemos de duas pessoas invulgares em tudo, que em parte vos damos a conhecer nestas cartas. O resto é nosso."
Maria José Lobo Antunes
Joana Lobo Antunes
Opinião
Este era um livro que há muito desejava ler. Finalmente decidi-me a comprá-lo e não me arrependo de o fazer.
António Lobo Antunes é um autor bastante reconhecido (foi este ano nomeado para Prémio Nobel da Literatura!) e era grande a curiosidade em ler alguma obra do autor. Confesso que tentei ler o Hei-de Amar Uma Pedra mas não se revelou tarefa fácil pelo que decidi começar pelo princípio, literalmente.
Demorei, no entanto, vários meses a acabar de o ler. Não porque se tenha revelado aborrecido. Antes pelo contrário. São "Cartas da Guerra" mas facilmente se poderiam intitular de "Cartas de Amor" pois é isso que na realidade são. Cartas de um homem apaixonado à sua esposa grávida no desespero criado pela distância e pela solidão.
Estas Cartas da Guerra foram enviadas por um António Lobo Antunes, casado de fresco, à sua mulher durante a Guerra do Ultramar. Durante o exílio forçado, o autor refugia-se na escrita daquele que virá a ser o seu primeiro livro e aí nos deparamos com aquelas que devem ser as dúvidas de qualquer potencial escritor perante a qualidade daquilo que escreve.
Nestas cartas apercebemos-se, também, dos diferentes estados de espírito que o assolam o escritor: ora conformado com a situação em que se encontra, ora levado ao desespero pela saudade e pela crueldade inerente à guerra.
São-nos "descriptas" as realidades de uma África em guerra. As dificuldades passadas pelos combatentes mas também a cultura indígena africana, rica em superstições.
Ao longo deste livro são várias as referências que o autor faz aos livros. Aqueles que já leu, aos que está a ler e àqueles que deseja que lhe enviem. A literatura parece ser, a par da escrita, um refúgio.
Apreciei bastante as imensas referência literárias que Lobo Antunes vai fazendo, ainda que nem sempre concorde com as mesmas. Partilho com ele a admiração pela obra "Cem Anos de Solidão" de Gabriel García Márquez, publicada poucos anos antes.
António Lobo Antunes é um autor bastante reconhecido (foi este ano nomeado para Prémio Nobel da Literatura!) e era grande a curiosidade em ler alguma obra do autor. Confesso que tentei ler o Hei-de Amar Uma Pedra mas não se revelou tarefa fácil pelo que decidi começar pelo princípio, literalmente.
Demorei, no entanto, vários meses a acabar de o ler. Não porque se tenha revelado aborrecido. Antes pelo contrário. São "Cartas da Guerra" mas facilmente se poderiam intitular de "Cartas de Amor" pois é isso que na realidade são. Cartas de um homem apaixonado à sua esposa grávida no desespero criado pela distância e pela solidão.
Estas Cartas da Guerra foram enviadas por um António Lobo Antunes, casado de fresco, à sua mulher durante a Guerra do Ultramar. Durante o exílio forçado, o autor refugia-se na escrita daquele que virá a ser o seu primeiro livro e aí nos deparamos com aquelas que devem ser as dúvidas de qualquer potencial escritor perante a qualidade daquilo que escreve.
Nestas cartas apercebemos-se, também, dos diferentes estados de espírito que o assolam o escritor: ora conformado com a situação em que se encontra, ora levado ao desespero pela saudade e pela crueldade inerente à guerra.
São-nos "descriptas" as realidades de uma África em guerra. As dificuldades passadas pelos combatentes mas também a cultura indígena africana, rica em superstições.
Ao longo deste livro são várias as referências que o autor faz aos livros. Aqueles que já leu, aos que está a ler e àqueles que deseja que lhe enviem. A literatura parece ser, a par da escrita, um refúgio.
Apreciei bastante as imensas referência literárias que Lobo Antunes vai fazendo, ainda que nem sempre concorde com as mesmas. Partilho com ele a admiração pela obra "Cem Anos de Solidão" de Gabriel García Márquez, publicada poucos anos antes.
Depois desta leitura sinto-me tentada a ler outros livros do autor, principalmente Memórias de Elefante e Cus de Judas, os primeiros romances publicados pelo autor e profundamente marcados pelos momentos que nos são "descriptos" ao longo destas cartas.
Excertos
"De todos estes sul americanos o melhor é mesmo Os Cem Anos de Solidão,o mais rico de invenção, o mais barroco e o mais louco."
"Somos de resto tão pouco inteligentes quando amamos..."
Excertos
"De todos estes sul americanos o melhor é mesmo Os Cem Anos de Solidão,o mais rico de invenção, o mais barroco e o mais louco."
"Somos de resto tão pouco inteligentes quando amamos..."
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